terça-feira, 24 de maio de 2016

Mario de Sá Carneiro.


Desde a sua morte, a 26 de abril de 1916, que a sombra do suicida, paira sobre a figura de Mário de Sá-Carneiro, o autor, assombrando a sua obra e transformando-a numa espécie de “autobiografia em verso”,como lhe chamou Giorgio di Marchis.
Ao longo dos anos, foram muitos aqueles que
, “enganados” pelo aparente confessionalismo dos seus versos, tentaram encontrar na sua obra uma justificação para a sua vida, e na sua vida uma justificação para a sua morte.
Mas Mário de Sá-Carneiro foi muito mais. Nascido em 1890, em Lisboa, passou grande parte da vida em Paris, onde contactou com os grandes artistas do seu tempo. Assistiu à maior revolução artística do seu século — a Vanguarda –, algumas vezes com um grande ceticismo, outras com entusiasmo. O relato dessa aventura está nas cartas que trocou com Fernando Pessoa, escritor, “irmão de Alma”. Com ele fundou em 1915 a revista Orpheu, um dos mais importantes acontecimentos literários do século XX em Portugal.
Foi apelidado de “maluquinho”, escreveu poesia, prosa, teatro, sem nunca parar. Porque ele tinha “um sentido de obra relativamente grande”, como explicou ao Observador o investigador Ricardo Vasconcelos. “Levava aquilo de uma ponta à outra e desenvolvia as obras com grande coerência. Tinha muito mais esse sentido de obra e de conclusão”, muito mais do que Fernando Pessoa, para quem a literatura era sempre um work in progress.
Em vida, editou vários livros de contos, novelas, um romance e uma plaquette de poesia sem igual — Dispersão. Por editar ficaram outras tantas dezenas de poemas. Quando morreu tinha apenas 25 anos. A sua obra influenciou a geração da Presença e muitos outros escritores que lhe seguiram, que encontraram nos seus textos uma linguagem estranha, intrigante, mas ao mesmo tempo fascinante. O professor e especialista na obra do poeta, Fernando Cabral Martins, não tem dúvidas: “Mário de Sá-Carneiro ajudou a mudar a literatura portuguesa“....
Postagem: Roberta Delesporte.




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