terça-feira, 24 de maio de 2016

Poemas de Manoel Bandeira.


Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Em 1890 a família se transfere para o Rio de Janeiro e a seguir para Santos - SP e, novamente, para o Rio de Janeiro. Passa dois verões em Petrópolis.
Em 1892 a família volta para Pernambuco. Manuel Bandeira freqüenta o colégio das irmãs Barros Barreto, na Rua da Soledade, e, como semi-interno, o de Virgínio Marques Carneiro Leão, na Rua da Matriz.
A família mais uma vez se muda do Recife para o Rio de Janeiro, em 1896, onde reside na Travessa Piauí, na Rua Senador Furtado e depois em Laranjeiras. Bandeira cursa o Externato do Ginásio Nacional (atual Colégio Pedro II). Tem como professores Silva Ramos, Carlos França, José Veríssimo e João Ribeiro. Entre seus colegas estão Sousa da Silveira e Antenor Nascentes.
Em 1903 a família se muda para São Paulo onde Bandeira se matricula na Escola Politécnica, pretendendo tornar-se arquiteto. Estuda também, à noite, desenho e pintura com o arquiteto Domenico Rossi no Liceu de Artes e Ofícios. Começa ainda a trabalhar nos escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana, da qual seu pai era funcionário.
No final do ano de 1904, o autor fica sabendo que está tuberculoso, abandona suas atividades e volta para o Rio de Janeiro. Em busca de melhores climas para sua saúde, passa temporadas em diversas cidades: Campanha, Teresópolis, Maranguape, Uruquê, Quixeramobim.
"... - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."

Em 1910 entra em um concurso de poesia da Academia Brasileira de Letras, que não confere o prêmio. Lê Charles de Guérin e toma conhecimento das rimas toantes que empregaria em Carnaval.
Sob a influência de Apollinaire, Charles Cros e Mac-Fionna Leod, escreve seus primeiros versos livres,em 1912.
A fim de se tratar no Sanatório de Clavadel, na Suíça, embarca em junho de 1913 para a Europa. No mesmo navio viajam Mme. Blank e suas duas filhas. No sanatório conhece Paul Eugène Grindel, que mais tarde adotaria o pseudônimo de Paul Éluard, e Gala, que se casaria com Éluard e depois com Salvador Dali.
Em virtude da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, volta ao Brasil em outubro. Lê Goethe, Lenau e Heine (no sanatório reaprendera o alemão que havia estudado no ginásio). No Rio de Janeiro, reside na rua Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Goulart.
Em 1916 falece sua mãe, Francelina. No ano seguinte publica seu primeiro livro: A cinza das horas, numa edição de 200 exemplares custeada pelo autor. João Ribeiro escreve um artigo elogioso sobre o livro. Por causa de um hiato num verso do poeta mineiro Mário Mendes Campos, Manuel Bandeiradesenvolve com o crítico Machado Sobrinho uma polêmica nas páginas doCorreio de Minas, de Juiz de Fora.
O autor perde a irmã, Maria Cândida de Souza Bandeira, que desde o início da doença do irmão, havia sido uma dedicada enfermeira, em 1918. No ano seguinte publica seu segundo livro, Carnaval, em edição custeada pelo autor. João Ribeiro elogia também este livro que desperta entusiasmo entre os paulistas iniciadores do modernismo.
O pai de Bandeira, Manuel Carneiro, falece em 1920. O poeta se muda da Rua do Triunfo, em Paula Matos, para a Rua Curvelo, 53 (hoje Dias de Barros), tornando-se vizinho de Ribeiro Couto. Numa reunião na casa de Ronald de Carvalho, em Copacabana, no ano de 1921, conhece Mário de Andrade. Estavam presentes, entre outros, Oswald de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda e Osvaldo Orico.
Inicia então, em 1922, a se corresponder com Mário de Andrade.  Bandeiranão participa da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro em são Paulo, no Teatro Municipal. Na ocasião, porém, Ronald de Carvalho lê o poema "Os Sapos", de "Carnaval". Meses depois Bandeira vai a São Paulo e conhece Paulo Prado, Couto de Barros, Tácito de Almeida, Menotti del Picchia, Luís Aranha, Rubens Borba de Morais, Yan de Almeida Prado. No Rio de Janeiro, passa a conviver com Jaime Ovalle, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Prudente de Morais, neto, Dante Milano. Colabora em Klaxon. Ainda nesse ano morre seu irmão, Antônio Ribeiro de Souza Bandeira.
Em 1924 publica, às suas expensas, Poesias, que reúne A Cinza das Horas, Carnaval e um novo livro, O Ritmo Dissoluto. Colabora no "Mês Modernista", série de trabalhos de modernistas publicado pelo jornal A Noite, em 1925. Escreve crítica musical para a revista A Idéia Ilustrada. Escreve também sobre música para Ariel, de São Paulo.
A serviço de uma empresa jornalística, em 1926 viaja para Pouso Alto, Minas Gerais, onde na casa de Ribeiro Couto conhece Carlos Drummond de Andrade. Viaja a Salvador, Recife, Paraíba (atual João Pessoa), Fortaleza, São Luís e Belém. No ano seguinte continua viajando: vai a Belo Horizonte, passando pelas cidades históricas de Minas Gerais, e a São Paulo. Viaja a Recife, como fiscal de bancas examinadoras de preparatórios. Inicia uma colaboração semanal de crônicas no Diário Nacional, de São Paulo, e em A Província, de Recife, dirigido por Gilberto Freyre. Colabora na Revista de Antropofagia.
1930 marca a publicação de Libertinagem, em edição como sempre custeada pelo autor. Muda-se, em 1933, da Rua do Curvelo para a Rua Morais e Vale, na Lapa. É nomeado, no ano de 1935, pelo Ministro Gustavo Capanema, inspetor de ensino secundário.
Grandes comemorações marcam os cinqüenta anos do poeta, em 1936, entre as quais a publicação de Homenagem a Manuel Bandeira, livro com poemas, estudos críticos e comentários, de autoria dos principais escritores brasileiros. Publica Estrela da Manhã (com papel presenteado por Luís Camilo de Oliveira Neto e contribuição de subscritores) e Crônicas da Província do Brasil.


Arte de amar.

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira.


O Último Poema

Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Manuel Bandeira.

Meu Quintana

Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.

Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!

Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.

São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.

São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.

São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.

Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.

E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares

Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.

Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.

Manoel Bandeira.

Brisa

Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixaras aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.

Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Manoel Bandeira.



Postagem: Roberta Delesporte.

Mario de Sá Carneiro.


Desde a sua morte, a 26 de abril de 1916, que a sombra do suicida, paira sobre a figura de Mário de Sá-Carneiro, o autor, assombrando a sua obra e transformando-a numa espécie de “autobiografia em verso”,como lhe chamou Giorgio di Marchis.
Ao longo dos anos, foram muitos aqueles que
, “enganados” pelo aparente confessionalismo dos seus versos, tentaram encontrar na sua obra uma justificação para a sua vida, e na sua vida uma justificação para a sua morte.
Mas Mário de Sá-Carneiro foi muito mais. Nascido em 1890, em Lisboa, passou grande parte da vida em Paris, onde contactou com os grandes artistas do seu tempo. Assistiu à maior revolução artística do seu século — a Vanguarda –, algumas vezes com um grande ceticismo, outras com entusiasmo. O relato dessa aventura está nas cartas que trocou com Fernando Pessoa, escritor, “irmão de Alma”. Com ele fundou em 1915 a revista Orpheu, um dos mais importantes acontecimentos literários do século XX em Portugal.
Foi apelidado de “maluquinho”, escreveu poesia, prosa, teatro, sem nunca parar. Porque ele tinha “um sentido de obra relativamente grande”, como explicou ao Observador o investigador Ricardo Vasconcelos. “Levava aquilo de uma ponta à outra e desenvolvia as obras com grande coerência. Tinha muito mais esse sentido de obra e de conclusão”, muito mais do que Fernando Pessoa, para quem a literatura era sempre um work in progress.
Em vida, editou vários livros de contos, novelas, um romance e uma plaquette de poesia sem igual — Dispersão. Por editar ficaram outras tantas dezenas de poemas. Quando morreu tinha apenas 25 anos. A sua obra influenciou a geração da Presença e muitos outros escritores que lhe seguiram, que encontraram nos seus textos uma linguagem estranha, intrigante, mas ao mesmo tempo fascinante. O professor e especialista na obra do poeta, Fernando Cabral Martins, não tem dúvidas: “Mário de Sá-Carneiro ajudou a mudar a literatura portuguesa“....
Postagem: Roberta Delesporte.




Modernismo.


No século XX, surgiu um movimento que queria renovar o estilo da Literatura, rompendo com a Literatura tradicional do século XIX (Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo), buscando, assim, inovações modernas para o novo século: é o Modernismo (antes houve um momento de transição chamado de Pré Modernismo). Os modernistas queriam uma Literatura livre, sem "fórmulas" e sem regras, sem palavras cultas e formais demais, sem o rebuscamento do vocabulário, sem a cultura tradicional e acadêmica. 

O Modernismo no Brasil começou com a Semana de Arte Moderna de 1922, que foi a reunião de vários artistas (pintura, literatura, música, arquitetura, escultura, etc) de várias tendências artísticas que buscavam renovar as artes, difundindo suas ideias e rompendo, assim, com a cultura tradicional e conservadora do século XIX. 

O Modernismo teve três fases (gerações):

1ª Geração Modernista (1922 - 1930)

Os principais nomes dessa geração foram: Manuel BandeiraOswald de Andrade e Mário de Andrade

As principais características dessa geração foram: linguagem livre (poesia sem regras de rima e de métrica), linguagem coloquial (livre de formalismos e de palavras cultas), gírias e até erros gramaticais (porque os erros de gramática e a linguagem coloquial é a linguagem usada pelos brasileiros). Temas tratados com irreverência e ironia (bom-humor, piada, paródia), temas inspirados no cotidiano das pessoas e poemas "relâmpagos" (curtíssimos  e breves). 

Claro que tudo isso irritava os mais conservadores e tradicionais. 

Exemplo de texto modernista da primeira geração:

Pronominais (Oswald de Andrade)

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro



Observe que: não existe rima, nem métrica, nem formalismos. A linguagem é coloquial e também é impregnada de irreverência e ironia. Não há preocupação com erros de português. Enquanto que a gramática diz que o correto é "dê-me", o poeta zomba da gramática e escreve "me dá". Ele está mais interessado na gramática coloquial que é usada no cotidiano das pessoas, ou seja: o poeta prefere a modalidade linguística mais adequada à realidade brasileira. 

Em outras palavras: "que se dane a gramática e os velhos conservadores do século passado, isso aqui é Modernismo, pô!"

2ª Geração Modernista (1930 - 1945)

Essa geração também é conhecida como Geração de 30. É nessa fase que o Modernismo ganha mais força no Brasil. Os principais autores dessa geração foram: na poesia, Carlos Drummond de Andrade eCecília Meireles; na prosa, Jorge AmadoGraciliano RamosRachel de Queiroz e José Lins do Rego

Na parte da prosa, os modernistas se interessaram por temas nacionais e usaram uma linguagem mais brasileira (uma linguagem mais regionalista). Destaque para o regionalismo nordestino, que retratou os problemas da região (seca e migração). Também podemos destacar o romance urbano (histórias das cidades grandes), que retratou a vida das famílias urbanas. 

Na poesia, continuamos com o verso livre, mas também encontramos uma poesia mais amadurecida e sensível à realidade, que questiona a existência humana e a inquietação social. 


3ª Geração Modernista (1945 - 1960)

Essa geração também é conhecida como Geração de 45. Os principais autores do período foram: Clarice LispectorJoão Guimarães Rosa e Nelson Rodrigues, além de Ariano Suassuna e Lygia Fagundes Telles

A poesia volta a ficar um pouco mais formal (efeito "poesia é a arte da palavra") e há uma preocupação maior com o estilo e com a estética da poesia. Na prosa, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles trabalharam o aprofundamento psicológico dos personagens e inovaram as técnicas narrativas, quebrando o tradicional "início, meio e fim". Guimarães Rosa se dedicou ao regionalismo (ele é o autor de Grande Sertão: Veredas) e inovou a narrativa ao empregar o discurso indireto livre. O teatro ganhou força com Nelson Rodrigues. 

À esquerda, capa do catálogo da exposição da Semana de 1922. À direita, cartaz criado por Di Cavalcanti
À esquerda, capa do catálogo da exposição da Semana de 1922. À direita, cartaz criado por Di Cavalcanti.
Postagem: Roberta Delesporte.

Camilo Pessanha.


O mais importante poeta simbolista português foi o coimbrão Camilo Pessanha, que viveu boa parte de sua vida em Macau (China), como professor e funcionário público. Ali morreu, consumido pelo ópio. Seu único livro, Clepsidra, foi publicado em 1920, contendo textos ditados a um amigo, quando o poeta esteve pela última vez em Portugal.
Pessanha é conhecido como o “poeta da dor espiritual“: um pessimismo sutil, sem angústias ou paixões, permeia todos os seus textos. Um saudosismo indefinido compõe o nítido incômodo existencial em viver a vida presente. Essa dor de existir, que se constrói de renúncia e silêncio, constitui uma das mais impressionantes obras poéticas em língua portuguesa.
Poesia de musicalidade suave e sugestiva, compõe fragmentos de realidade e memória, plenos de sensações vagas e plurissignificativas. A imagem mais fecunda em sua poesia é a água. Tradicionalmente associada à passagem do tempo, à mutabilidade das coisas, aprofunda-se, na poesia de Pessanha, em resignada sensação de impotência e desalento perante o tempo. Não é à toa que seu único livro chama-se “clepsidra”, nome dado na Grécia antiga aos relógios d’água. Com ele exerceu grande influência, particularmente na geração de Orpheu, que iniciou o Modernismo em Portugal.
Considerado um poeta de leitura pouco acessível para o grande público, um criador que inspirou outros criadores, passou grande parte da vida em Macau (China), onde conheceu o ópio e conviveu com a poesia chinesa, de que foi tradutor para o português.
Os poemas de Camilo Pessanha caracterizam-se por um forte poder de sugestão e ritmo, apresentando imagens estranhas, insólitas, não lineares, isto é, repletas de rupturas e cores – elementos tipicamente simbolistas.
Neles predomina o tema do estranhamento entre o eu e o corpo; o eu e a existência e o mundo, cujos elementos mais familiares ao mesmo tempo tornam-se esquivos, perante uma sensibilidade poética fina e sutil, mas na qual não se encontram os derramamentos emocionais, a subjetividade egocêntrica.

Postagem: Roberta Delesporte.

Charles Baudelaíre.




Nascido em Paris no dia nove de abril de 1821, Charles-Pierre Baudelaire foi um poeta e teórico das artes em geral. Na opinião de especialistas e críticos de arte, foi o criador da tradição moderna na poesia junto a Walt Whitman. A influência de sua obra teórica ultrapassou sua existência, Baudelaire chegou a ser citado por artistas do século XIX e XX.
Aos seis anos, perdeu seu pai, que foi substituído pelo general Aupick, segundo marido de sua mãe. Baudelaire odiava Aupick e sua infância foi atormentada por diversas brigas com o padrasto. Devido ao mal estar familiar, Baudelaire abandona os estudos em Lyon e vai para a Índia. Regressa em 1848, ano em que participa da série de revoluções na Europa central e oriental que acabaram eclodindo em função de regimes governamentais autocráticos.
Depois disso, dissipa-se de seus bens de cai de cara na boemia e na jogatina de Paris. Perdido pelas ruas parisienses, acaba conhecendo uma infinidade de artistas que o influenciaram: Mme. Sabatier, Marie Daubrun. sua musa, a atriz Jeanne Duval, entre outras personalidades. Quebrado e cheio de dívidas, Baudelaire foi submetido a um conselho familiar e foi decidido que seu tutor, Ancelle, controlaria seus gastos.
Em 1857 um episódio marcaria sua vida. Assim que publicou a obra “As Flores do Mal” (Les Fleurs du Mal), o título mais consagrado de sua carreira, tomou um processo do tribunal de Sena. A alegação era de que Baudelaire era um subversivo e atentava contra os bons costumes e à moral. O poeta foi obrigado a retirar seis poemas originais. Apesar disso, teve seu trabalho publicado sem cortes em 1911, após a sua morte.
Passou os dias derradeiros de sua vida atormentado por doenças nervosas. Acabou morrendo em Paris, sua cidade natal, no dia 31 de agosto de 1867. Foi vítima de uma paralisia geral e deu seu último suspiro nos braços de sua mãe.
Entre as principais obras de Baudelaire, destacam-se Flores do Mal, Paraísos Artificiais (lançadas no Brasil), La Fanfarlo, Morale du joujou, Réflexions sur quelques-uns de mes contemporains e Journaux intimes.

Postagem: Roberta Delesporte.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

José Joaquim Cesário Verde.





José Joaquim Cesário Verde.

O poeta português José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa no dia 25 de fevereiro de 1855. Conhecido por seus dois últimos nomes, ele é visto como um dos predecessores  e grande influência do estilo poético realizado no século XX em Portugal.
Cesário Verde teve uma origem humilde, era filho de um comerciante e agricultor chamado José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde. Em 1873, inicia seus estudos acadêmicos no Curso Superior de Letras, mas frequenta as aulas por apenas alguns meses. Neste período, acaba conhecendo um amigo que levaria para o resto da vida, Silva Pinto, também português e escritor. Naquela época, as atividades de Cesário eram produzir muitas poesias, que acabavam sendo publicadas em periódicos, além de trabalhar no comércio, ofício que herdara de seu pai.
A tuberculose foi uma maldição na vida de Cesário Verde. Após perder a irmã e o pai para esta doença, o poeta começa a ter sintomas da enfermidade em 1877. Apesar da tristeza que tudo isso lhe causava, o mal lhe serviu de inspiração para a produção de um de seus mais belos poemas, “Nós”, de 1884.
“Ora, meu pai, depois das nossas vidas salvas
(Até então nós só tivéramos sarampo),
Tanto nos viu crescer entre uns montões de malvas
Que ele ganhou por isso um grande amor ao campo!”
(trecho da poesia “Nós”)
Cesário Verde não conseguiu escapar da doença e faleceu aos 30 anos, em dezenove de julho de 1886. Silva Pinto, em sua homenagem, organizou uma compilação com a poesia do amigo, que chamou de “O Livro de Cesário Verde”. Em 1901 este livro foi publicado.
Na poesia de Cesário Verde, alguns temas predominantes são o campo e a cidade. Seu estilo era delicado, com emprego de artifícios impressionistas e uma sensibilidade dificilmente vista no meio literário. A forma de expressão utilizada era mais natural, pois o poeta evitava o lirismo clássico.
As características mais importantes encontradas na análise de sua obra são imagens muito visuais que tinham o objetivo de dimensionar a realidade do mundo, a mistura do moral com o físico, a combinação de sensações, comparações, metáforas, sinestesias, versos decassílabos e quadras.
Um tema recorrente nas poesias de Cesário Verde é a mulher. Ele nos apresenta dois tipos femininos, sempre atrelados aos locais em que ambienta seus versos. Na cidade, cria uma mulher calculista, madura, frívola, fria, autodestrutiva e dominadora. Em sua representação do campo, o poeta monta arquétipos de mulheres pobres, feias, doentes, esforçadas e trabalhadoras.


Postagem: Roberta Delesporte.